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Em todas as escolas, todo o final de ano, acontece o mesmo ritual: Conselho de Classe e lá encontramos os professores munidos de diários de classe, provas finais, anotações e um último suspiro pedagógico antes das tão desejadas férias.
Neste precioso momento escolar, encontramos algumas figuras clássicas: a professora que chora pela aprovação de todos, o terrível professor de química que teria reprovado metade da classe se pudesse, o professor apaziguador a nos lembrar que um aluno já é quase um jogador de futebol profissional e faz pouco sentido reprová-lo pelas suas dificuldades em trigonometria, a professora que sabia quantos exercícios este aluno deixara de fazer ao longo do ano, o percentual de suas presenças nas últimas aulas de sexta-feira, suas médias, desvio-padrão, mas não lembrava exatamente quem era esse tal aluno!
É justamente nos conselhos de classe que a diversidade de visões sobre o sentido da experiência escolar fica claro. É nos Conselhos de Classe que traçamos as linhas que nos unem em torno a um projeto comum. Nessas ocasiões, fica evidenciado que uma boa escola é muito mais do que uma mera reunião de professores supostamente competentes no ensino de cada uma de suas disciplinas.
Instituições sociais, como a escola, têm atributos que derivam de sua história, têm virtudes e defeitos que se alimentam do tipo de relações sociais que nela se travam e essas marcas institucionais forjam uma cultura e um modo de funcionamento cuja força e permanência ultrapassam os indivíduos que a constituem. Por isso uma escola pode manter sua excelência apesar do fluxo incessante de novos profissionais, ou decair a despeito de sua permanência.
Tudo isso parece soar bastante trivial, mas tende a ser esquecido em quase todas as formulações de políticas públicas de formação de professores e melhoria da qualidade da educação. Concebe-se a formação de um professor como decorrente da posse de certas ‘competências’, técnicas e informações. Tudo se passa como se a relação entre professor e aluno não fosse mediada por uma instituição com histórias, valores, princípios e práticas. Como se não fosse produto de uma cultura que carece ser estudada e reconhecida. Não para ‘técnicas’ infalíveis, mas porque a partir da compreensão de sua cultura institucional podemos nela agir, renovando as práticas em diálogo com o legado do qual somos herdeiros.
Texto referências: Cultura Escolar: quadro conceitual e possibilidades de pesquisa. Fabiany de Cássia Tavares Silva
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